«O tempo das redes sociais e do ruído e das incapacidades de concentração é difícil para a literatura? De facto, é», reconheceu Joel Neto, no Festival Arquipélago de Escritores, em Ponta Delgada. «Mas a literatura foi sempre condicionada por proibições, tabus, pragas, medos, fomes, mitos, novos canais de comunicação – muitos e sucessivos novos canais de comunicação. Foi literatura precisamente porque venceu esses grilhões. E, se aquilo que nós estamos a fazer não for capaz de vencer os grilhões deste tempo também, e nomeadamente se não for capaz de sobreviver às redes sociais, então não serve para nada: não tem a força original da literatura – não é sequer literatura.»
O autor regressou ao evento para dividir com os escritores João de Melo, Leonor Sampaio Silva e João Pedro Porto um debate subordinado ao tema «Tempo da Literatura vs As Redes Sociais.» A sessão foi bastante concorrida e os órgãos de comunicação social fizeram eco do debate produzido. Com curadoria de Nuno Costa Santos, co-organização da Story Spell e patrocínio da Câmara Municipal de Ponta Delgada, o certame tornou a levar à ilha de São Miguel dezenas de autores e artistas das mais variadas sensibilidades, tendo como cabeça de cartaz o autor, historiador e fotógrafo norte-americano Teju Cole.