Sexta-feira, 24 de fevereiro
E, no entanto, houve um tempo em que talvez também eu tenha gostado de automóveis. Ou daquilo que cada automóvel acrescentava à minha persona.
Um contador de histórias nunca consegue viver a vida senão como uma história também.
O meu primeiro carro foi um Citroën Visa cinzento. Antes disso, apenas nutrira emoções por três carros: um Fiat Uno azul, o primeiro zero-quilómetros do meu pai, e em que passeávamos aos domingos a ouvir os relatos do Sporting; antes dele, um VW 1200 vermelho, em que fazíamos uma festa ao chegar aos 100 km/h na Recta; e, depois, o Fiat 127 do meu avô, também vermelho, que ainda hoje não me perdoo por ter deixado abater.