Quinta-feira, 15 de Dezembro
Esta manhã comprei uma bola de couro, para brincar com o Melville, e lembrei-me logo do Tiago de Palmela. Nunca mais o vi. Já tentei procurá-lo na internet, no Google e até no Facebook, mas é difícil. Não me ocorre quem pudessem ser hoje os nossos amigos em comum. Não me lembro do sobrenome dele ou do que os pais estiveram aqui a fazer. Não me lembro sequer de quanto tempo, exactamente, permaneceu cá. Lembro-me apenas de que lhe devo a minha primeira bola de couro.
Sempre que compro uma bola de couro, penso no Tiago de Palmela. Mesmo quando se trata de uma destas bolas de couro ruim, que compramos para enganar um bebé de colo ou brincar com os cães no quintal. Gostava de poder agradecer-lhe, um dia: teve mais significado para mim aquela venturosa bola de couro, com os seus pentágonos num ladrilho azul, do que dois terços dos brinquedos da minha infância.