O jornalista e cronista açoriano falou com o GPS sobre a publicação do seu novo livro, A Vida no Campo
São mais de 200 páginas com histórias do seu quotidiano e memórias da infância na ilha, por vezes cortadas por lembranças dos mais de vinte anos vividos em Lisboa. Quando discorre sobre a vida no campo, Joel escreve com o maravilhamento de alguém que vem de fora. Mas quando escreve sobre a cidade, as raízes campestres notam-se em cada parágrafo. O autor concorda, e acrescenta: “Apesar de ser um homem nascido e vivido no campo, a força do livro está no facto de eu ser fundamentalmente um urbano com olhar urbano sobre o campo.”
Joel conta que foi com a ideia inicial de “ficar quatro ou cinco anos e voltar”, mas que “já decidimos [ele, a mulher, Catarina, e o cão Melville] renovar por mais 16 anos com uma grande cláusula de rescisão, como os jogadores de futebol.” A propósito, Melville (uma homenagem ao autor de Moby Dick, o famoso romance de baleeiros e cachalotes, um óbvio imaginário açoriano) foi encontrado numa rua da ilha em 2013, “num dia de beladonas em flor, tinha dois meses e meio – gosto dele como de uma pessoa.”
E a ilha, ter-se-á adaptado bem a quem sobre ela escrevia? “Os terceirenses são profundamente hospitaleiros. Todo o diálogo que as crónicas mantinham com a Terceira lhes era encantador e depois eles próprios apareciam, com os seus nomes, fazendo as coisas que efectivamente faziam, dizendo as coisas que tinham dito e que eu tinha apanhado.”
Antes do próximo romance, previsto para a Primavera de 2018, Joel vai fechar este ciclo sobre os Açores, a que chamou O Regresso, com um ensaio sobre a “contemporaneidade açoriana” a ser publicado no próximo ano pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.