
«E quando aspirarmos o ar da Terra Chã, aquela mistura inocente de leite morno, erva húmida e bosta de vaca – nessa altura também nós (sim, também nós) acreditaremos numa saída.» A frase, retirada de A Vida No Campo, primeiro volume do diário de Joel Neto, está a partir de agora inscrita na paisagem da Terra Chã, freguesia de nascimento do autor e, não por acaso, o lugar a que regressou em 2012, depois de vinte anos em Lisboa. Com a ajuda do desenhador Paulo Mendonça, a Junta de Freguesia local requalificou o chamado Miradouro das Veredas, ou «Miradouro do Charcão» – cenário de várias cenas dos livros Arquipélago e A Vida No Campo –, e juntou-lhe uma placa alusiva à obra do escritor. A placa tem desenho de Rui Leitão e foi descerrada a 4 de Setembro de 2022, por ocasião das comemorações do Dia da Freguesia.

Que maravilhosa frase – «E quando aspirarmos o ar da Terra Chã, aquela mistura inocente de leite morno, erva húmida e bosta de vaca – nessa altura também nós (sim, também nós) acreditaremos numa saída.» Hei-de, brevemente passar por lá e lê-la com todo o orgulho possível. Sinto que pertenço a essa ruralidade.