Um pão com bolor e um frasco de sabonete, flores que despontam num descampado e uma árvore que há séculos espera alguém a quem possa contar a sua história – nada passa despercebido ao olhar atento e sensível de Joel Neto. Para o escritor, o segredo da vida está nas coisas mais simples: coelhos saltitando no jardim, a banda filarmónica ao longe, um pé de tomate-de-capucho.
E nas pessoas, evidentemente. Em Maria de Fátima, que fazia um pão de milho como já não poderá haver outro. Em Roberto, que não arranca com o autocarro enquanto uma criança não for buscar um casaco. Em Filomena, que atravessava a freguesia com a elegância de um flamingo. Em Emanuel, o carteiro que cita Jorge Luís Borges. E no Chico, e no Galão, e no Dimas, e no Manuel da Lenha, e no Rúben, e em toda a infinita galeria de pessoas e de histórias humanas que desfilam neste livro.
CRÍTICAS:
MIGUEL SOUSA TAVARES
«Escolheu o tempo e a distância para melhor ver a beleza de cada coisa. Ousou ser feliz. Eis o seu nome: liberdade.»
PEDRO MEXIA
«Um livro onde as pessoas têm nome, as árvores têm nome, os animais têm nome. Um livro onde se vai ao funeral dos vizinhos e com uma sensibilidade muito particular, que nós já não conhecemos nas grandes cidades. Sem paternalismos em relação aos locais e também, quanto aos forasteiros, sem aquilo a que os ingleses chamam inverted snobbery.»
JOSÉ MÁRIO SILVA (Expresso)
«A escrita de Joel Neto procura sempre algo que está para lá das evidências, algo de inefável, de subterrâneo, de secreto. (…) Expurgando dos dias a matéria esquecível, opta pelo resgate dos momentos de revelação e deslumbre, em que se materializa a beleza pura das coisas simples. (…) Um retratista exímio. (…) Procura uma linguagem sem excrescências, direta, honesta, longeva como as araucárias. Trabalha a prosa como trabalha a terra: com afinco, respeito, e uma espécie de maravilhamento, de espanto.»
ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA (Jornal de Letras)
«Puro deleite. Um senhor do verbo que é também dono de um olhar atento e perspicaz e de uma cativante humanidade. (…) Uma linguagem de tal modo cativante que os pequenos nadas do dia a dia emergem reais e próximos também do leitor. Revelador de um carácter cujo retrato interior aos poucos vai emergindo.»
CARLOS TÊ
«De uma grande coragem e de um grande labor. Um livro onde se faz um grande acontecimento de cada um desses momentos em que parece que não acontece nada, exercício muito difícil ao qual, de maneira generosa, humilde e criativa, Joel Neto nunca se furta.»
ANTÓNIO DURÃES
«Joel Neto salta com uma extraordinária facilidade do particular para o universal e de novo para o particular; do pequeno para o grande e de novo para o pequeno. É a marca de um grande escritor.»
LUÍSA PINTO
«Uma galeria de personagens riquíssimas, com um património impressionante e uma vida infindável, e que me dá permanentemente vontade de levar à cena. Joel Neto ensina-nos a olhar com olhos de ver. A parar. A sentir. A vida devia ser isto.»
PEDRO MIGUEL SILVA (Deus Me Livro)
«Um equilíbrio perfeito entre o texto retratista, intimista e exploratório. (…) A evidência de como é possível mantermo-nos ligados ao mundo, fora do epicentro e sem escravidão social. No lugar dos Dois Caminhos, viver a vida simples, num invejável equilíbrio entre o compromisso e o hedonismo.»
RUTE MARINHO
«Joel mostrou-me que há vida no campo no Porto. Que há metrosíderos na Foz, como os há na Terceira. Só não há tempo para reparar. Sabia lá eu sequer o que eram metrosíderos? E sempre ali estiveram, diante dos meus olhos, ao lado da pérgula, na Foz.»
VICTOR RUI DORES (Diário Insular/Açoriano Oriental/Tribuna das Ilhas)
«Observador infatigável do real e escritor telúrico de agudíssima sensibilidade, Joel Neto disseca a sua alma – como Vernet agarrado ao mastro do navio para estudar a tempestade. Lança olhares muito humanos às pessoas que o rodeiam [e deixa-nos] perante a mesma fluidez e frescura narrativas que despertam em nós o tal “plaisir du texte” de que falava Roland Barthes.»
SANTOS NARCISO (Atlântico Expresso)
«Joel Neto em todo o seu esplendor dos anos da maturidade. Feliz campo que dá vida a tão bela Literatura, a provar que a terra não dá só erva, flores e frutos… Nas mãos de Joel Neto produz letras, o mais saboroso fruto que faz de um cantinho regional um verdadeiro jardim universal.»
PAULO CAIADO
«Mais uma grande obra do meu autor português preferido.»
TELMO NUNES
«Tal como no outro volume, a cada entrada deste diário é-nos servido um retrato pictórico altamente contagiante e esteticamente belo, sem abdicar, jamais, de um realismo e veracidade ímpares.»
JOSÉ HENRIQUE SILVEIRA DE BRITO (Portuguese Times)
«Estão muito presentes no livro os cães, o escritor tem dois; os jardins, ele sabe imenso de plantas; os pássaros, conhece-lhes o nome, o canto e outras características. Mas, sobretudo, fala de pessoas; descreve-as tão bem que parece que o leitor está a convier com elas, dando início a uma amizade.»