O problema das terras pequenas é a coscuvilhice”, costumam dizer–me, e eu tendo a crer que sim, que ela é de facto um problema (por exemplo) numa freguesia de província. Mas não mais do que nas cidades de médio porte, nas grandes áreas metropolitanas e nas próprias capitais.
Na verdade, o mexerico floresce tanto nas cabeças desocupadas como nas cabeças com necessidade de se desocuparem, se é que elas não são uma e a mesma coisa. Três quartos das pessoas que vejo abandonarem esta ilha por razões pessoais – sobretudo mulheres, parece-me – fazem-no em fuga de mexericos. Quase todas estão a morrer de saudades findo um mês, e a razão é sempre a mesma: descobriram que há tanta bisbilhotice nos outros sítios como aqui.
(…)
Artigo publicado na íntegra no Diário de Notícias