APESAR DA PANDEMIA
… um dia destes fomos fazer um piquenique. Não nos perdemos terra adentro, como de tantas outras vezes: tínhamos saudades do mar. De modo que nos apropriámos daquela mesinha maravilhosa onde até hoje não vimos mais ninguém comer, estendemos uma toalha aos quadrados, abrimos a cesta bonita em que aqui há uns anos derriçávamos como num troféu e ali ficámos, a ver pousar o sol e a comer.
Bebíamos vinho, bebíamos bastante vinho, e Nina Simone, ecoando da pequena coluna ligada ao bluetooth do meu telemóvel, parecia aprovar:
I made wine from the lilac tree
Put my heart in its recipe
It makes me see what I want to see
And be what I want to be
As pessoas iam passando às famílias, nestas novas caminhadas com que até os casos mais evidentemente perdidos tentam fazer alguma coisa do confinamento, e, dando as boas-tardes, acrescentavam um comentário brando com que no fundo lamentavam não ter tido elas aquela ideia, comer ao pôr-do-sol em vez de andar ali para trás e para a frente – e aquelas que nós não conhecíamos, mas nos conheciam a nós, demoravam-se no rótulo do vinho, a conferir se a cesta não seria um sinal enganador de bom-gosto, que de qualquer maneira de música percebiam pouco.
De início sentimo-nos um pouco observados. Tivemos alguma pena de não termos ido antes para a Fajã da Serreta, onde tantas vezes nos escondemos (e ainda hoje o fazemos), quem sabe até se para aquele cerrado das Cinco Ribeiras – aquele do muro esborralhado – onde costumávamos ir comer frangos assados que comprávamos na Churrex e, chegados ao local, já quase não tinham batatas fritas.
Mas repetimos para nós mesmos que o tempo tem estado instável, que a erva húmida não tardaria a atravessar o cobertor mais espesso. E, seja como for, dali a pouco o vinho começou a fazer o seu efeito e já só havia a Nina Simone, o som das ondas a bater contra o calhau, aquele sol alaranjado que se aninhava para lá da silhueta do Pico e três fiapos de esparguete que, por educação, deixámos no fundo do pequeno tacho escondido na cesta, já sem vestígios do pesto, ou do parmesão, ou do azeite sequer.
Estivemos ali imenso tempo, bebendo e conversando e fumando – hoje já só eu fumo, na verdade –, e, de caminho para casa, parámos na Chanoca, onde eu enchi o porta-bagagens de gazâneas silvestres, enquanto os homens aos volantes dos automóveis ocasionais se distraíam momentaneamente da estrada e depois reviravam os olhos, numa indulgência:
– Ah, é só o Joel Neto a roubar flores outra vez.
Lembrei-me muito dos primeiros tempos na ilha e dos esforços que fazíamos para nos desabituarmos das rotinas dispendiosas de Lisboa, na convicção de que menos necessidades significavam menos trabalho chato e menos trabalho chato mais liberdade para escrever – mais liberdade. Tornei a perguntar-me: onde foi que descambámos? Em que momento perdemos aqueles hábitos de despojamento e modéstia que de início nos empenhámos em construir e depois aconteciam já tão naturalmente, ao ponto de nem pensarmos neles?
E quantas das necessidades que entretanto readquirimos, aliás, são realmente necessidades, ou serão pelo menos satisfatórias, ou não serão mesmo incómodas, no significado que têm para uma subsistência serena e até nas ansiedades que nos impõem para que usufruamos delas, ou possamos reclamar que as conhecemos, ou simplesmente porque sim?
Quer dizer: quando voltámos nós a precisar de ir aos restaurantes três ou quatro vezes por semana, fora os takeaways de diferentes espécies? E, já agora, para que é que precisamos – já não digo do Netflix, onde vemos as docuseries, ou da HBO, que o John Oliver não dá em mais lado nenhum – de tantos canais de cinema, da TV Séries e da Amazon Prime?
E de quantas das apps pagas que eu subscrevo efectivamente estou a usufruir? E que alojamentos, nuvens e drives me são realmente úteis? E de quantas pás precisamos no jardim, eu e o Chico? E furadores? E carrinhos de mão? E quanto dinheiro desperdiçado significa tudo isso junto – tudo isso e muito mais, inclusive na florista, mesmo no supermercado, até na farmácia –, quantas famílias há dois meses viviam com menos do que a soma desses desperdícios e quantas vão ter de viver com menos ainda agora?
Onde é que eu descarrilei? Quando é que voltou a haver dinheiro suficiente para atirar janela fora? Foi apenas a ideia de sucesso, por tão errónea e efémera? Foi o excesso de circulação, com as suas solidões e placebos? Foi a meia-idade – a mundanidade de entrever o fim e querer recuperar o tempo perdido?
Que força é esta que volta sempre a empurrar-nos para o consumo – a mim, a nós, a todos? Que fraqueza essa que nos leva a esquecermo-nos do que nos tínhamos ensinado para resistir-lhe?
Ouço muito, agora, falar de “adaptarmo-nos ao novo normal”, grotesco sintático com que vamos tentando ter alguma coisa a dizer sobre a tragédia e o modo como teremos de sobreviver-lhe. Eu não quero nem o novo normal nem o normal de todo. Eu quero reencontrar aquele excepcional com que, aqui há uns anos, nos educámos – em nome da liberdade e do tempo para viver.
Afinal, vão ser os pobres e a classe média a pagar esta crise de novo, não tenhamos ilusões. O melhor é estarmos preparados. E, se eu me esquecer disso, então talvez consiga lembrar-me, pelo menos, de que nunca escrevi tanto como quando não precisava de quase nada – uma cesta bonita, um vinho razoável e um crepúsculo alaranjado, quando muito.
Como sempre aconteceu com os escritores.
* TAMBÉM ME CUSTA
Que chova tanto em Março e Abril. São os piores meses para se viver nos Açores, porque, normalmente – normalmente –, já é quase Verão nos outros lados e aqui ainda nem Primavera é. Nas últimas duas semanas tivemos muita chuva, muito frio e muito vento, como é frequente, nesta altura, em predominâncias de quadrante Norte. Tenho sempre de me obrigar a lembrar-me: sem isto, não tínhamos os prados verdes durante o Verão. Nem as flores viviam sozinhas, sem necessidade de assistência diária.
* UM CONSELHO
Desde que vivo nos Açores que consulto a previsão meteorológica do dia na aplicação que me prometer melhor tempo. Até posso começar pela menos promissora, mas escolho sempre acreditar na outra. Talvez valha a pena fazer o mesmo com as balanças, nesta fase. Pesarmo-nos na que der menos peso, no fundo: às vezes – como escrevi algures –, as mentiras em que os homens assentam a sua felicidade são mais importantes do que as que as verdades que os fazem infelizes.
* UMA EVIDÊNCIA
O capitalismo, que trouxe paz e prosperidade a uma parte do mundo e deixou a outra na miséria, tem recursos acumulados para fazer face a esta crise. A mais funda realidade é essa. Portanto, se o sistema não encontra meios para amenizar o sofrimento das famílias, nem sequer as do Ocidente (quanto mais as do mundo inteiro), é altura de mudar o sistema, caso contrário só nos restará mudar de sistema. Deixar cair as famílias e deixar cair os estados não é a única solução: ainda há a solução de sermos gente e pormos à frente a sobrevivência da espécie, em vez da das suas oligarquias. Isto é tão evidente que nem devia precisar de ser dito.
* UM LAMENTO
Com a manutenção da cerimónia do 25 de Abril na Assembleia da República, e nomeadamente nos moldes em que está programada, perdemos uma oportunidade extraordinária para envolver todos os portugueses na sua celebração. Com criatividade e uma boa combinação entre os meios tecnológicos disponíveis e a latitude de movimentos ainda possível, podia fazer-se uma festa memorável e até didáctica. Assim, celebram os cartolas e pronto. Entretanto, os inimigos da liberdade ficam por aí a mandar bocas, e essas bocas encontram uma ressonância que nunca encontraram antes entre os que estão zangados, frustrados ou simplesmente aborrecidos (que são milhões). Há pessoas que não podem ir aos funerais de amigos e até familiares – que reacção esperavam? Foi uma medida politicamente ingénua e que resulta em desfavor do 25 de Abril, da ideia de liberdade e da própria liberdade.
* UMA OBJECÇÃO
Trump é uma besta, mas a OMS fez asneira. Emendou a mão, só que demorou. Houve realmente um prolongamento excessivo da latitude dada à China para proceder ela mesma à avaliação oficial da situação em torno da entretanto dita covid-19. Esta doença não se compadece com um só dia de atraso, e a OMS atrasou-se. Levou todo o mês de Janeiro a aceitar sem reservas – e a comunicá-la ao mundo – a informação de que o coronavírus não se transmitia entre humanos; a 3 de Fevereiro, ainda insistia que não havia provas de transmissão entre humanos fora da China, como se essa se mantivesse a questão principal; e, quando a 12 de Março declarou pandemia, já havia mais de mil mortos em Itália e a doença estava em quatro continentes e em dezenas de países. Outras epidemias, já neste século, foram declaradas pandemia muito – muitíssimo – mais cedo. Houve demora. O problema é continuarmos a abordar os assuntos numa permanente dicotomia “a favor” e “contra”. Desculpem-me se isto vos confunde quanto a que clube pertenço. Não pertenço a nenhum.
UMA CONSTATAÇÃO
Os escritores americanos já não escrevem sobre o mundo. Dantes tínhamos Jack London, Pearl S. Buck, John Steinbeck. Interessavam-se por outras geografias, outros países, outras culturas. Hoje, a grande literatura americana parece-me quase toda virada para dentro. Se calhar estou a ser injusto, mas suspeito de que se concentra aqui uma explicação – como causa ou como consequência – para mais coisas do que talvez se possa julgar.
* PARA VER, OUVIR, LER
A Ordem dos Psicólogos pediu-me que sugerisse alguns livros de leitura apropriada para este tempo de pandemia. Sugeri estes:
– “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, de José Saramago: para exercermos a contemplação do espectáculo do mundo
– “África Minha”, de Karen Blixen: para viajarmos sem sair de casa
– “O Fim da Aventura”, de Graham Greene: para tentarmos encontrar Deus no meio disto tudo
– “Baladas Líricas e Outros Poemas”, de William Wordsworth: para o procurarmos na natureza
– “A Paixão do Conde de Fróis”, de Mário de Carvalho: para rirmos a despregadas (e enriquecermos o léxico)
– “As Vinhas da Ira”, de John Steinbeck: para nos prepararmos para a vingança do capitalismo contra o pequeno percalço da covid-19
– “O Fio da Navalha”, de Somerset Maugham: para reaprendermos o despojamento e a liberdade de que vamos precisar nessa altura
– “Moby Dick”, de Herman Melville: para recapitularmos o mundo todo numa perspectiva divina (como no Velho Testamento)
– “Os Miseráveis”, de Victor Hugo: para recapitularmos o mundo todo numa perspectiva humana (como no Novo)
– “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez: para nos entregarmos à melodia e à atmosfera da literatura e deixarmos que os cavalinhos de Tróia desta façam o seu trabalho
* FEIOS, PORCOS E MAUS
https://www.facebook.com/NowThisPolitics/videos/1035913786792402
* UM POEMA QUE VOS LEIO
«E por Vezes
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos»
David Mourão-Ferreira, ‘Matura Idade’ (1973)
* UM TEXTO QUE PUBLIQUEI
Os da linha logo a seguir
«Não acredito que esta pandemia faça de nós melhores pessoas ou das sociedades em que vivemos sociedades melhores. As oligarquias farão tudo para se reinstituírem. O capitalismo não regulado vai voltar mais feroz ainda. Precisamos de uma comunicação social forte e livre, onde os jornalistas possam continuar a ser o que têm sido agora.»
* texto especial para a edição do 185º aniversário do jornal Açoriano Oriental
Temos tido basta gente para elogiar em Portugal, nos últimos tempos. Os profissionais do sistema de saúde, mais do que quaisquer outros. A classe política – da posição e da oposição, do continente e das ilhas. Os portugueses em geral. Se os números nacionais e regionais da covid-19 se mantêm apresentáveis, isso deve-se a todos eles – a todos nós.
Nenhum está isento de erros. Alguns hospitais privados de Lisboa (e não só) têm-se portado mal. Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa não isolaram devidamente as ilhas e, aliás, arriscaram há dias uma declaração quase-triunfalista que nos podia ter saído cara (se é que não nos vai sair ainda). E há cidadãos que, dispostos a morrer (como é seu direito), não têm protegido os vizinhos dessa disposição (como é seu dever).
Mas basta olhar os exemplos dos países mais próximos para percebê-lo: tivemos sorte com o tempo que a doença levou a chegar a Portugal, o que nos permitiu aprender com os erros dos outros, mas temos tido méritos também. Médicos e enfermeiros fizeram o que puderam, mas os sistemas de saúde falharam em Itália e em Espanha. Os políticos espanhóis comportaram-se tenebrosamente no início da pandemia, com divisões que denunciaram incultura e falta de sentido de estado. E tanto em Espanha como em França largos sectores da população prevaricaram até muito depois de poderem.
Em Portugal, não foi assim. O que é surpreendente, em particular, no que diz respeito à classe política, saturada de corrupção. Chamada a mostrar uma responsabilidade que há muito não se lhe pedia, foi quase consensual no esforço de pôr o interesse nacional acima das querelas partidárias. Mérito de Marcelo e Costa, mais uma vez, mas também de Rui Rio e dos líderes da maior parte dos restantes partidos da oposição.
No meio de tanto elogio, porém, temo-nos esquecido amiúde dos jornalistas. Portugueses, como estrangeiros, os jornalistas vêm desempenhando um papel crucial no combate à pandemia. Foram os primeiros a gritar a existência de um novo e mortífero coronavírus. Esforçaram-se por convencer a população do papel que lhe cabia na luta contra ele. Arriscaram vidas de repórteres para mostrar o que estava em causa. E escrutinaram desde o início o trabalho das autoridades políticas e de saúde.
Não são os da primeira linha, mas têm sido os da linha logo a seguir. Isto apesar da gravíssima crise da indústria, que já destruiu alguns dos melhores órgãos de comunicação, ameaça destruir os restantes e empurra toda uma classe para a escolha entre o sensacionalismo hedonista e o desaparecimento.
Falo no geral, mais uma vez. Há desvios. Mas, se Boris Johnson inflectiu (ainda antes de adoecer, lembremo-nos), se o mundo todo percebeu em definitivo que Donald Trump é um sociopata e Bolsonaro um sociopata imbecil, se em Portugal André Ventura não tem podido tirar o partido que sempre procura tirar do alarme – tudo isso se deve, em boa parte, ao sentido de estado dos jornalistas também.
Não acredito que esta pandemia faça de nós melhores pessoas, ou pelo menos das sociedades em que vivemos sociedades melhores. As oligarquias farão tudo para se reinstituírem o mais depressa possível. O capitalismo não regulado vai voltar mais feroz ainda e, em breve, seremos seus escravos de novo – alguns porque não podem evitá-lo, outros por simples desleixo e outros até porque querem voltar a sê-lo.
Mas também por isso é necessária uma comunicação social forte e livre, onde os jornalistas possam continuar a ser o que têm sido agora, e fazer desse estado uma regra, não uma excepção. Esse papel cabe em parte ao Estado. Quando hoje leio sobre as pressões do Bloco de Esquerda para que sejam atribuídos quinze milhões de euros à comunicação social, por exemplo, torço duas vezes o nariz: primeiro, porque não chega; depois, porque a verba para a imprensa seria dividida, segundo a proposta, de acordo com as preferências dos leitores, o que voltaria a beneficiar o hedonismo.
O Estado tem de recuperar o seu papel de regulador e tem de encontrar um modelo de regulação que considere, muito mais do que as inclinações do leitor, ouvinte e espectador, as suas necessidades. É uma tarefa difícil, parece um conceito ultrapassado, é seguramente uma operação passível de todos o tipo de erros e controvérsias. Mas disso depende também a sobrevivência da coesão social e, no limite, do próprio Estado, ademais neste contexto em que o espartilhamento dos canais de comunicação e a gradual pulverização das figuras de autoridade no domínio da informação abriu espaço ao triunfo das chamadas fake news e dos demais instrumentos da dita “pós-verdade”, capazes de eleger chefes de estado, alterar a ordem internacional e, inclusive, pôr em risco a sobrevivência da espécie.
O Estado não são os políticos. O Estado somos nós. Por outro lado, nós não somos o Estado: somos ainda mais do que ele. E nenhum de nós, cidadãos, pode demitir-se da sua responsabilidade de escolher também. Não é apenas um direito: é um dever. Escolher as televisões que se vê e as rádios que se ouve e os jornais que se lê e os sites em que se navega: do nosso exercício dessa responsabilidade depende a viabilidade de uma comunicação social séria e, pelo menos, capaz de resistir à pressão do hedonismo mercantilista.
Isto é: uma escolha capaz de proteger os que não estão nisto em exclusivo pelo dinheiro.
Algumas lições temos de ter aprendido, no meio deste nefasto advento. Não podemos continuar a comer animais exóticos. Não podemos continuar a confiar na responsabilidade de estados totalitários para com a protecção da Humanidade. Não podemos persistir em eleger chefes de estado e do Governo alimentados pelo ódio, pelo medo, pela vaidade ou pelo simples economicismo. Não podemos continuar a desinvestir nos sistemas públicos de saúde. Não podemos voltar a olhar para os alertas da ciência com a ligeireza com que olhamos para um fait-divers televisivo. E não podemos voltar a colocar os jornalistas, os jornalistas a sério, nesta posição em que têm de arriscar as vidas deles em favor da salvação das nossas, apesar de há tanto tempo lhes termos virado as costas.
Porque, da próxima vez, talvez já não contemos com o seu compromisso. Terão então falhado eles também, evidentemente. Mas, nesse caso, já nem a eles poderemos queixar-nos.
Faz lembrar aquele discurso de Niemöller de que Brecht tanto gostava: «Primeiro levaram os socialistas, e eu não protestei porque eu não era socialista. Depois levaram os sindicalistas, e eu não protestei porque não era sindicalista. A seguir vieram pelos judeus, e eu não protestei porque não era judeu. Então vieram buscar-me, e já não havia ninguém para protestar por mim.”
A comunicação social séria e responsável é essa entidade que ainda pode protestar por nós. O capitalismo não regulado, os seus instrumentos de “pós-verdade” e a comunicação hedonista em que todos eles grassam – lá está – como um vírus esperto em sistema imunodeprimido são o monstro que nos vem buscar um a um.
#apesardapandemia