1ª edição Maio 2019
Um pão com bolor e um frasco de sabonete, flores que despontam num descampado e uma árvore que há séculos espera alguém a quem possa contar a sua história – nada passa despercebido ao olhar atento e sensível de Joel Neto. Para o escritor, o segredo da vida está nas coisas mais simples: coelhos saltitando no jardim, a banda filarmónica ao longe, um pé de tomate-de-capucho.
E nas pessoas, evidentemente. Em Maria de Fátima, que fazia um pão de milho como já não poderá haver outro. Em Roberto, que não arranca com o autocarro enquanto uma criança não for buscar um casaco. Em Filomena, que atravessava a freguesia com a elegância de um flamingo. Em Emanuel, o carteiro que cita Jorge Luís Borges. E no Chico, e no Galão, e no Dimas, e no Manuel da Lenha, e no Rúben, e em toda a infinita galeria de pessoas e de histórias humanas que desfilam neste livro.
Ao fim de vinte anos em Lisboa, Joel Neto – na companhia da mulher, a tradutora Catarina Ferreira de Almeida – foi instalar-se na terra da infância, em busca do tempo necessário para escrever um romance. O prazo esgotou-se há muito, os livros sucederam-se uns aos outros, e eles ali continuam: no lugar dos Dois Caminhos, freguesia da Terra Chã (ilha Terceira, Açores). O jardim, a horta e o pomar não os deixariam partir. Os cães Melville e Jasmim também não.
«Escolheu o tempo e a distância para melhor ver a beleza de cada coisa. Ousou ser feliz. Eis o seu nome: liberdade.»
MIGUEL SOUSA TAVARES
«Um livro onde as pessoas têm nome, as árvores têm nome, os animais têm nome. Um livro onde se vai ao funeral dos vizinhos. Um livro de uma sensibilidade muito particular, que nós já não conhecemos nas grandes cidades. Sem paternalismos em relação aos locais e também, quanto aos forasteiros, sem aquilo a que os ingleses chamam inverted snobbery.»
PEDRO MEXIA
«De uma grande coragem. Faz do nada um acontecimento, exercício ao qual, com grande generosidade e criatividade, Joel Neto nunca se furta. Um olhar que vai com tudo, como só os ilhéus sabem praticar.»
CARLOS TÊ
«Joel Neto vai do grande ao pequeno assunto e do pequeno ao grande assunto sem alguma vez sair da integridade do seu texto. A viagem permanente entre a coisa grande e a coisa pequena não é só fascinante: é aquilo que define um grande escritor.»
ANTÓNIO DURÃES
«Esse humano que há dentro de todos nós, e de que andamos sempre tão esquecidos – esse humano interessou-me desde o primeiro momento. Joel Neto ensina-nos a olhar com olhos de ver. É um património incrível e uma lição sobre como deveríamos viver.»
LUÍSA PINTO
«”Os Anos da Maturidade”, sendo um sub-título bem escolhido, não faz jus à grandeza humilde e à sabedoria de Joel Neto. Pelo meio de cada episódio, somos subtilmente transportados para um sentimento de humanismo e fraternidade. Vale pela riqueza e simplicidade aparente da sua escrita. É a celebração da vida.»
PAULO NEVES DA SILVA
«Joel Neto já não é o homem do regresso, mas sim aquele que transformou esse regresso ao Lugar dos Dois Caminhos na sua casa. É nesse quotidiano do lugar a que chamamos casa que podemos nomear tudo o que dela faz parte e comover-nos com a mais pequena das coisas, porque as habitamos. Como diz o Joel, Acho que podia viver só para isto.»
HELDER MAGALHÃES
«Pseudo-urbana, citadina, moderna, fico boquiaberta com “o luxo da simplicidade”, como lhe chamou Luísa Pinto. Já o tinha ficado quando o Joel me mostrara que há vida no campo no Porto. Que há metrosíderos na Foz como os há na Terceira. Só não há tempo para reparar. Sabia lá eu o que eram metrosíderos? Disse-me que também são conhecidos como árvores de fogo” e que sempre ali estiveram, diante dos meus olhos, ao lado da pérgula, na Foz.»
RUTE MARINHO
«Um escritor telúrico e sensorial que lança olhares muito humanos às pessoas que o rodeiam e que já foram ou hão-de vir a ser personagens nos seus livros de ficção a haver. Tal como em A Vida no Campo (vol. I, 2016), estamos perante a fluidez e frescura narrativas que despertam em nós o tal plaisir du texte de que falava Roland Barthes.»
VICTOR RUI DORES
«A Vida no Campo: Os Anos da Maturidade é mais superlativo do que A Vida no Campo. Há claramente uma progressão na interiorização e na introspecção pessoal do homem, em primeiro lugar, e do escritor, em segundo lugar.»
JOÃO CARLOS PEREIRA